Sofia Azevedo. Com tecnologia do Blogger.

às vezes gostava

 quinta-feira, 31 de março de 2011


Às vezes gostava que o mundo fosse apenas um pedaço de mar e um pedaço de terra. Que tivesse uma palmeira e um barco à vela. Um peixe e um pescador. Um sol e uma lua. Que o céu fosse azul e o mar também. Às vezes gostava que o mundo fosse apenas o mundo, sem ter de desejar que o mesmo fosse perfeito.

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um pouco de poesia

 terça-feira, 22 de março de 2011


mergulha nos sonhos
ou um lema pode ser teu aluimento
(as árvores são as suas raízes
e o vento é o vento)

confia no teu coração
se os mares se incendeiam
(e vive pelo amor
embora as estrelas para trás andem)

honra o passado
mas acolhe o futuro
(e esgota no bailado
deste casamento a tua morte)

não te importes com o mundo
com quem faz a paz e a guerra
(pois deus gosta de raparigas
e do amanhã e da terra)

E. E. Cummings

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sem sono no silêncio da noite

 quinta-feira, 17 de março de 2011


Sem sono no silêncio da noite, o pensamento invade-me. Funde-se com a escuridão das horas e projecta na sombra do quarto o meu maior medo. E se eu morresse agora? Neste preciso momento? Quem ia sentir a minha falta? Quem ia chorar por mim? Quem lavaria a loiça do jantar que não me apeteceu lavar? Quem ia cuidar da minha vida? Abrir o meu correio e ler as mensagens do meu telemóvel. Imergida no absurdo da minha insónia, lentamente deixo-me vencer pelo cansaço e mergulho finalmente na incerteza da vida. Sem voltar a pensar que posso não voltar a acordar, adormeço. Abro os olhos outro vez e já é dia. Olho para a loiça suja do jantar da noite anterior e celebro a vida no simples gesto de a lavar.

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existe uma linha muito ténue

 sábado, 12 de março de 2011


Existe uma linha muito ténue que separa o real do imaginário. Por vezes essa linha é tão fina, tão imperceptível que nem damos por ela. Gosto de pensar que sei exactamente onde ela fica, onde ela se situa. Que a controlo. Neste momento, muito mais do que a louca vontade de cortar os pulsos à podridão e à hipocrisia da humanidade, apetece-me cortar de vez essa linha. Apetece-me mergulhar na sanidade que ainda me resta e afogar-me na minha própria loucura. Apetece-me acreditar que existe um mundo só para mim, sem nós, sem vós, sem eles. Apetece-me acreditar que o meu imaginário vence este meu cansaço de lutar pela terra prometida. De lutar pelo impossível.

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uma vez tive um diário

 quarta-feira, 9 de março de 2011


Uma vez tive um diário. Tinha na capa uma boneca de vestido azul sentada numa nuvem. Foi o meu primeiro e único diário. Teve muitos nomes, tantos quanto o meu estado de alma lhe quis dar. Imaginei como seria contar-lhe todos os meus segredos, mesmo aqueles que eu ainda não sabia que guardava. Um dia, escondi a chave, com medo que alguém pudesse descobrir tudo aquilo que eu ainda não lhe tinha contado. Escondi-a tão bem que não a voltei a encontrar. Hoje, ainda fechado, o meu diário guarda os segredos que nunca lhe contei, nas suas páginas em branco e por estrear. Continua a ser o meu primeiro e único diário e tem na capa uma boneca de vestido azul sentada numa nuvem.

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